O objetivo do programa é ampliar a segurança dos profissionais que trabalham em altura em infraestruturas para telecomunicações, e incluirá cursos, encontros e materiais informativos e educacionais.
A segunda edição do seminário da Abrintel sobre segurança, realizada nesta semana em São Paulo, reuniu mais de uma centena de profissionais.
A Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) realizou na última quarta-feira (6), em São Paulo, o seminário “Segurança para o Trabalho em Torres para Telecomunicações”. Durante o evento, o presidente da entidade, Luciano Stutz, lançou o programa Torre + Segura, que reunirá uma série de iniciativas para fortalecer a cultura de segurança do trabalho nas atividades de construção, operação e manutenção de infraestruturas de telecomunicações. O Torre + Segura terá encontros, cursos e diversos materiais informativos e educativos.
O seminário reuniu representantes de mais de 60 empresas. Participaram líderes de equipes e funcionários que realizam a instalação e a manutenção de torres; gestores de empresas prestadoras desse serviço; e ainda representantes de companhias fornecedoras de equipamentos especializados para o setor. Esta foi a segunda edição do evento; a anterior havia sido realizada em fevereiro de 2023, também em São Paulo.
Na abertura do encontro, o Diretor de Relações Institucionais da American Tower e diretor da Abrintel, Felipe Herzog, destacou a importância da segurança para o trabalho em torres. “Falar sobre segurança é falar sobre a vida das pessoas, utilizando prevenção e técnica. Gestão de segurança não ocorre por acaso nem da noite para o dia. Exige persistência, organização e disciplina” disse, também na abertura do seminário, Eduardo Rossi, presidente do Comitê de Operações da Abrintel.
A palestra de abertura foi realizada pelo francês radicado no Brasil Marius Aldry, responsável pelo Sistema de Gestão de Segurança na Alaya, empresa de turismo de aventura localizada na estância turística de Brotas (SP). Aldry destacou os pontos em comum entre a segurança na área de turismo de aventura e o trabalho em torres de telecomunicações.
Ele indicou fatores de causa de acidentes, como: excesso de confiança do operador de atividades em altura, falta de mão de obra qualificada, pressa para finalizar o serviço, manutenção inadequada, fatores como fome, cansaço e calor, e ainda falta de orientação adequada para as equipes.
Aldry mostrou pontos considerados no Sistema de Gestão de Segurança de sua empresa, como inventário de riscos, probabilidade de ocorrências, implementação de melhorias, auditoria interna e externa, cursos e treinamentos. “Um dos principais fatores do sistema de gestão de segurança é a melhoria contínua”, destacou. “Quem tem maior retorno do cliente são as empresas que dão atenção à segurança”, disse ele ainda.
O consultor técnico e professor de pós-graduação em Engenharia e Medicina do Trabalho Gianfranco Pampalon falou sobre a importância da classificação inicial de risco e da implementação de medidas de segurança. O palestrante mencionou uma frase comumente dita: “Faz anos que faço isso, e estou acostumado”. Pampalon disse que essa ideia “legitima a falta de segurança e mostra uma cultura de complacência com o erro”.
O palestrante alertou para as graves consequências para empresas que têm de lidar com casos de acidentes com trabalhadores e destacou os custos envolvidos e ainda os danos à reputação. “Acidentes não são inesperados, pois são previsíveis”, disse. “É preciso avaliar os incidentes e desvios para interromper a cadeia de risco no nascedouro. Segurança não é ausência de acidente, mas a presença de controles”, ressaltou. Pampalon apontou ainda que um sistema de gestão é uma oportunidade para as empresas diminuírem passivos e, com isso, ter mais lucros. “O custo do cuidado é menor que o custo do reparo.”
A professora Anna Cristina Pereira, executiva de nível sênior e acadêmica especializada em Segurança, Saúde e Meio Ambiente, trouxe uma visão ampliada sobre a importância da segurança para o sucesso das corporações. Ela apontou que a garantia da segurança faz parte da plataforma ESG e destacou que o tema inclusive está conectado com a obtenção de investimentos por parte das empresas. “Segurança tem de fazer sentido na vida das pessoas, porque senão ela não será praticada”, declarou a palestrante.
Anna mencionou alguns dos desvios envolvidos no trabalho em torres de telecomunicações, como queda de materiais e de pessoas, rompimento das cordas e intempéries. E destacou questões que elevam os riscos, como o uso de cordas com emendas, procedimentos incompletos, falta de entrosamento entre os membros da equipe, falha na verificação das ferramentas, equipamentos improvisados, defeituosos ou danificados, falta de treinamento e de qualificação e pressa excessiva.
Fábio Cruz, da HW Treinamentos, apresentou a importância de cinco elementos para a segurança: gestão, capacitação, planejamento, supervisão e resgate. O palestrante detalhou pontos da NR35 (Norma Regulamentadora número 35, que regulamenta o trabalho em altura). Cruz apontou fatores que devem ser considerados no planejamento do trabalho em altura realizado em torres, como o ambiente, a organização do resgate, condições meteorológicas e outros. “Análise de riscos salva vidas”, disse o palestrante.
André de Sousa, diretor da empresa Rescue Life, que realiza consultoria e treinamentos em resgate, mostrou novas tecnologias utilizadas em segurança e em resgate em altura. Souza também destacou a importância do planejamento das atividades, com uma avaliação prévia detalhada de riscos. “Para todo o cenário, existe uma solução. O que é preciso é avaliar o contexto, planejar a atividade e determinar os equipamentos e os sistemas de acesso e resgate que serão utilizados”, apontou. “É preciso em seguida buscar as tecnologias adequadas e realizar os investimentos necessários.” O palestrante mencionou também a necessidade de se realizar simulados garantir a efetividade do trabalho e das ações de resgate.
Leonardo Lokatos, da empresa de equipamentos Athenas Cintos, tratou de boas práticas para o trabalho em altura. Lokatos apresentou detalhes de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Outro palestrante, Cesar Azevedo, da startup Safety Hub, falou sobre a importância da capacitação para todas as equipes, em especial o time de linha de frente, com uso de linguagem adequada e atraente.
Já Francisco Silveira, coordenador técnico da empresa UltraSafe, especializada em resgate em altura, apresentou orientações para a gestão de equipamentos de segurança, destacando a necessidade de uma análise detalhada de cada situação para que se alcance o uso eficiente dos equipamentos.
“Reunimos, em um só evento, apresentações de especialistas e uma exposição de soluções e equipamentos que aumentam a segurança no campo. Queremos transmitir a ideia de que a segurança não é um conceito isolado, mas, sim, um conjunto de práticas que devem ser adotadas no dia a dia”, destacou Luciano Stutz.
Sobre a Abrintel
A Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel) é uma entidade formada em maio de 2013 pelas principais empresas detentoras de infraestrutura (para a instalação de antenas) e voltada ao mercado de telecomunicações, a fim de viabilizar a expansão de tais serviços. Atualmente, as empresas associadas à Abrintel representam cerca de 70% do mercado de torres de telecomunicações, tendo investido, nos últimos anos, mais de R＄ 15 bilhões no desenvolvimento do setor. Ciente dos desafios de um setor em contínuo crescimento, a Abrintel se propõe a colaborar com a administração pública, como entidade técnica e consultiva, na análise e na implementação conjunta de soluções que ajudem a dar melhores respostas às necessidades de infraestrutura no âmbito das telecomunicações.
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